domingo, 7 de junho de 2015

Sonhos do ser e do ter

Os sonho do ser
São de dentro pra fora.
Os sonhos do ter
São de fora pra dentro.

Os sonhos do ser
Têm realização ideal.
Os sonhos do ter
Têm realização material.

Os sonhos do ser
São completos.
Os sonhos do ter...
Muito concreto.

Os sonhos do ser
Exigem determinação.
Os sonhos do ter,
Contabilização.

Os sonhos do ser
São livres.
Os sonhos do ter
São possuídos.

Você, o que quer?
Ser ou ter?

Seja!

terça-feira, 7 de abril de 2015

Poeminha

Por que você faz o que faz?
Por que você faz de uma certa forma?
Por que você se movimenta?
Por que você anda?
Por quem você anda?
Por quem?

Por que sair correndo de uma atividade para a outra?
Por que sempre fazer algo?
Por que correr tanto?
Por que?

Para onde você vai?
Para quem você vai?
Para o que você vai?
Para?

Por quem?
Por que?
Para?

Por quem,
Por que,
parar.

Parar,
por você,
para você notar.

sexta-feira, 20 de março de 2015

O SILÊNCIO É A RESPOSTA?

Fui um jovem curioso
Sempre estive a perguntar
Por que um céu tão majestoso?
Por que as ondas no mar?

De repente fui crescendo
E as perguntas começaram a mudar
As respostas foram desaparecendo
Mas nunca deixei de indagar

E ali? Por que não posso entrar?
Por que não posso brincar?
Por que devo trabalhar?
4:30 da manhã?
Por que tenho que acordar?

Mas numa tarde tranquila
Eu saí para lanchar
Não podia demorar
Teria que ir estudar

Mas que destino matreiro
Não podia imaginar!
Foi um tiro certeiro
Não deu tempo me esquivar

Já desolado no chão
Minha única reação
Foi não parar de questionar:
Por que o senhor atirou em mim?

Mas, e agora senhores?
Quem se habilita a falar?
Será que nenhuma resposta
Vocês poderão me dar?

Aquela arma, senhores
É a arma da covardia
Todos seguram o gatilho
Numa sociedade que silencia.

Mas vejam que ironia!
Quem segura o gatilho
Também está sujeito a um tiro
Nessa nação da letargia.

Douglas Rodrigues, 17 anos, foi baleado e morto pela Polícia Militar de São Paulo. “Por que o senhor atirou em mim?”, foi o que disse Douglas ao ser atingido no peito. (http://migre.me/mH1xD).

terça-feira, 17 de março de 2015

Nos ponteiros.

Quando ganhou seu primeiro relógio nunca imaginou que sua vida mudaria tanto. Era ainda uma criança, pouco preocupada com o transcorrer dos dias e das horas, mas depois do relógio, tudo mudou. O deslizar dos ponteiros, de forma sorrateira e rítmica, passou a dominar suas mente e, como consequência, adquiriu o hábito bizarro de cronometrar em pensamento cada comportamento seu.

Antes disso, porém, o encantamento com a máquina o fez passar cinco dias seguidos com o olhar fixo para o relógio. Deu-se como um êxtase diante de uma invenção tão revolucionária e capaz de, do seu braço, governar o início e o fim do dia e da noite. Quase não dormiu nesses primeiros dias, pois não queria perder o tempo, nem perder o controle sobre ele.

Foi durante esses cinco dias que o relógio passou a ocupar sua mente de maneira tão intensa que até durante o sono ele ainda continuava a se fazer presente, ditando o horário dos sonhos e o de acordar.

Começou a perceber, para sua tristeza, que estava deixando o tempo passar, isso lá pelo sétimo dia. O cronometrado tempo ia deslizando do seu pulso e escorregando pelas suas mãos como se ele não pudesse controlar. Decidiu testar o poder do seu relógio e descobriu que na sua borda lateral havia um botão. Com muito medo de o tempo parar, puxou o botão e, para seu desespero, o ponteiro parou.

Sua mente era um turbilhão. Não sabia como ia fazer agora para ter o controle do que fazia, pois não tinha mais o relógio nem a sensação de controle que ele dava. Foi aí que descobriu, para o seu desespero, que o poder do seu relógio não passava de um falso poder. O dia começou e terminou do mesmo modo; a noite caiu e o dia amanheceu novamente. Foi até melhor, porque ele não tinha mais a obrigação de ficar guardando o tempo.

Certo é que a sensação de perder o controle do tempo foi angustiante no início. Vez por outra vinha aquela necessidade angustiante de pegar o relógio e voltar a dominar o transcorrer dos horários. Mas não. Era melhor não. Lembrava, para lidar com a angústia, que mais angustiante era ver o tempo passar, sabendo tudo sobre ele, mas nada sobre como preenchê-lo. Porque quanto mais contava, menos sentia, menos vivia e menos via o sol nascer e se por. Quem fixa o olhar para o relógio se esquece de olhar para o céu e passa a ver apenas as sombras, pois não consegue olhar diretamente para nada que não seja o tique-taque dos ponteiros.


Tomou a difícil, porém libertadora decisão, de em nenhum momento da vida comprar um relógio que fosse. Tinha medo de incorrer no mesmo erro e deixar de viver para contar o tempo. Sabia que a tarefa seria ardorosa, mas se conseguiu vencer o medo de puxar o botão de lado uma vez, iria suportar não voltar a pressioná-lo.  E assim o fez. Até hoje não sabe que horas são. Criou sua própria hora e se desfaz dela todo dia, para ela não passe a dominá-lo como um dia o tempo do relógio o dominou. 

domingo, 15 de março de 2015

Tá difícil.

É como se as pessoas não tivessem memória.

É como se as pessoas não lessem livros de história

Está ficando cada dia mais difícil assumir uma posição política no país em que vivemos. Primeiro, porque os ideais dos nossos representantes há muito, estão desprovidos de qualquer ideologia que seja. Segundo, porque estamos vivendo uma espécie de roube coletivo de memória que impede qualquer análise racional sobre o assunto . Terceiro, porque com a gigantesca força das redes sociais, os fatos são distorcidos e manipulados de uma maneira tão nefasta que se torna difícil saber se o que lemos é ou não provido do mínimo de veracidade ou ética jornalística.

Não é de hoje que se critica a falta de ideologia nos partidos brasileiros. Isso porque nos acostumamos a votar em pessoas, não em ideias - é a velha mania do brasileiro de pessoalizar as relações para tirar delas qualquer proveito que seja.  Por isso, é tão difícil para nós desassociar os partidos dos seus filiados. É como se, para o bem e para o mal, não existisse joio e trigo; não existissem bons e maus políticos e como se a parte representasse o todo. Sejamos sinceros: os políticos também ajudam a fomentar essa noção de homogeneidade entre eles, em virtude de suas alianças incoerentes e estapafúrdias, que utilizam como lema a noção maquiavélica de que os fins justificam os meios.

Outro aspecto que se faz evidente é a incapacidade dos brasileiros de lembrar o nosso passado muito recente de opressão, violação de direitos humanos fundamentais, perseguição política e ideológica e violência gratuita que marcaram as décadas de 60 e 70 durante a ditadura. Talvez esteja aí uma das raízes da nossa resistência em assumir uma ideologia. Temos medo de assumir o que pensamos, pois no passado isso significava violência e morte. De certo modo, essa violência ainda subsiste, porém ela se expressa de outro modo.

As redes sociais se tornaram, ao mesmo tempo, um espaço de liberdade (nelas podemos expressar o que pensamos) e de repressão. Isso porque passamos pelo crivo da ditadura dos comentários revestidos de ódio e julgamentos, pois, ainda nas redes, não conseguimos dissociar um posicionamento político de uma característica ética/moral de quem o expressa. Claro que existe uma linha tênue entre liberdade de expressão e defesa a crimes como apoio a ditadura, nazismo, assassinatos, dentre outros. Sim, existem limites. E não é tão difícil saber quando o atingimos – só quando não queremos admitir.

É nesse contexto que surgem as distorções de discurso e a manipulação de ideais – terreno fértil para a formação de uma grande massa de manobra incapaz de refletir sobre o que defende e para quem levanta suas bandeiras.

Devemos ficar atentos para não nos tornarmos fantoches nas mãos dos ventríloquos que lutam para comandar nossa compressão do mundo. É difícil, mas não é impossível. Faz parte de um exercício diário de auto questionamento e de crítica ao que ouvimos, lemos e debatemos nos nossos espaços.

É necessário, também, um regaste constante da nossa história, pois ela nos permite lembrar quem somos, o que conquistamos e o que queremos conquistar. Vamos usar a rede, mas sem deixar que ela nos fisgue e faça de nós uma presa fácil nas mãos de quem acha que possui  o barco.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Falhamos.

Entre um gole e outro...
Dessa vez de água
pois já é 18 de fevereiro
e andamos falhando muito

Primeiramente Feliz Ano novo
e desculpa pela demora
estávamos ocupados
com nossas falhas

Falhei só
Falhei em conjunto
Falhei sóbrio
Falhei bêbado
Falhei sem justificativas
Falhei por que ninguém é obrigado
Falhei mesmo, é isso.
Falhei principalmente
em dizer que escreveria par ao blog
Assim como os outros colunistas

Voltaremos talvez a escrever
aos poucos
como agora,
exatamente as quase 3h22 da madrugada
ou talvez da tarde

Enfim, é isso.
Acho que voltamos

Aproveitando o momento
Deixo em anexo nesse texto
Que irei falhar sexta dia 27

Pois serei "mais do mesmo"

sábado, 20 de dezembro de 2014

Na aba errada

Hoje acho que estou escrevendo para a aba errada.... Já se falou tanto disso, mas poucas pessoas das tribos atuais conseguem vencê-lo efetivamente. O papo é sobre o vício nos nossos queridinhos smartphones (celulares espertos – mas as vezes nessa relação só o celular é o esperto e alguém fica sendo o bobo). Os aparelinhos são lindos, práticos, tiram fotos maravilhosas, de forma rápida, que em segundos já estão no instagram, sem contar os milhões de aplicativos, uns para comunicação, outros para redes sociais, que nos fazem ficar conectados em algo que ainda não sei bem definir, mas que acho se tratar de um mundo paralelo – e que nos deixa totalmente desconectados da vida real, sabe aquela sua vidinha, que pode estar uma merda, mas é a verdadeira, é a vida que você tem que viver, ressalto viver, mas que você abandona para entrar num transe nas redes sociais e outros apps.

Quando estou em restaurantes e bares, observo grupos de amigos e casais que passam mais tempo ligados nos seus smarts, naquela postura sagrada de mãos no aparelho, costas e cabeça inclinadas em sua direção – não sei porque essa posição me lembra a posição de seres subjulgados, dominados, como ficavam e ficam pessoas que foram feitas escravas – e fico me perguntando se aquelas relações já não tinham sentido e a fuga aos celulares apenas as deixaram evidentes ou se realmente o advento desse mundo dos aplicativos fez com quem as pessoas se afastassem, mesmo dividindo a mesa e, às vezes, a cama.

Alguém pode sair do whatsapp e me responder?